Após quase seis meses de investigação, o laudo do Instituto de
Criminalística (IC), da Polícia Científica de São Paulo, aponta o
afundamento do solo como causa do acidente nas obras de construção da
Arena Corinthians, em Itaquera, que matou dois operários em novembro do
ano passado. De acordo com os peritos, o guindaste que caiu e atingiu
os trabalhadores não tinha problemas mecânicos e não houve falha humana.
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Por ser de extrema precisão, segundo a Liebherr, fabricante do
guindaste, o veículo com torre de 114 metros de altura e capaz de
suportar cargas de até 1.500 toneladas precisa operar em terrenos com
inclinação máxima de 0,3 grau. Para o IC, a base de pedras e chapas de
aço colocada acima do solo para que este suportasse o peso do guindaste
cedeu em alguns pontos, provocando a inclinação e o tombamento da torre.
Vale lembrar que o acidente ocorreu na 38ª vez em que um módulo da
estrutura da cobertura era içado pela cobertura. A peça tinha cerca de
420 toneladas.
O laudo será usado para que o delegado responsável pela investigação
do acidente, Luiz Antônio da Cruz, do 65º DP, de Arthur Alvim, decida se
houve ou não responsáveis pelo acidente no estádio. A Odebretch,
construtora responsável pelas obras, ainda não se pronunciou sobre o
laudo.
Laudo da construtora
Em abril,
a Odebrecht Infraestrutura, por sua vez, divulgou um estudo da
consultoria GeoCompany que concluiu que o solo não contribuiu para a
queda do guindaste sobre o prédio Leste do estádio, em novembro do ano
passado. De acordo com o relatório, o solo estava estável e corretamente
dimensionado no momento em que era realizada a operação.
Outras conclusões do relatório foram: a superfície do terreno estava
em acordo com as definições do fabricante do equipamento; o aterro é
homogêneo, rígido, estável, resistente e de baixa permeabilidade; a
compactação do terreno tem grau sempre superior a 95%, medida adequada; a
tensão de ruptura do solo é pelo menos 130% maior que a tensão máxima
devido à carga do guindaste; e a pista é estável e estava corretamente
dimensionada para a operação de transporte da peça.
A GeoCompany ainda simulou o comportamento do solo tanto na condição
seca quanto úmida e os resultados indicaram grande impermeabilidade do
solo. "Assim, a água das chuvas que ocorreram na semana anterior ao
acidente não penetrou no terreno - foi drenada pelas laterais da área,
não tendo afetado a estabilidade do solo", disse o comunicado da
Odebrecht.
Laudo da fabricante do guindaste
Anteriormente,
o jornal Folha de S. Paulo teve acesso a um estudo da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que concluiu que o acidente foi
causado pelo afundamento do solo do local. O levantamento foi
encomendado pela Liebherr, fabricante do guindaste que desabou.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, as análises, feitas em seis
pontos onde as esteiras do guindaste estavam apoiadas, mostram que o
solo era muito mais mole do que deveria ser para aguentar tamanho peso.
Pelo estudo, enquanto a medida ideal de firmeza do terreno é de pelo
menos 80%, as análises detectaram um índice "muito baixo", de apenas
13%. Quanto à compactação do terreno, as medições deram um número médio
de 6,3, enquanto o ideal seria um valor igual a 10.
Ainda de acordo com o laudo que o jornal teve acesso, tudo indica que
a parte de trás do guindaste afundou primeiro. Só então, o equipamento
"empinou" e, as hastes metálicas se quebraram depois, na base. O estudo
também mostra que a proteção do solo, feita como brita, não era adequada
para a máquina.
Fonte: Téchne
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