Uma viga de sustentanção do monotrilho da Linha 17-Ouro, que está
sendo construído na Zona Sul de São Paulo, caiu na tarde desta
segunda-feira, causando a morte de um operário. A vítima é o ajudante
geral Juracy Cunha da Silva, de 25 anos. Outros dois trabalhadores
ficaram feridos, segundo o Corpo de Bombeiros. Carlos Vieira de Souza e
Manoel Cristiano da Silva foram socorridos e não correm risco de morrer.
As causas do acidente serão investigadas.
O acidente aconteceu no
cruzamento da Rua Vieira de Morais e da Avenida Washington Luís,
próximo ao Aeroporto de Congonhas, no Campo Belo, pouco depois das 16h.
Quatro viaturas da corporação, além do helicóptero Águia da PM, foram
para o local. O trânsito na Rua Vieira de Morais foi bloqueado até que a
estrutura que caiu seja retirada. A Defesa Civil também interditou
temporariamente o prédio de uma locadora de automóveis na esquina onde
ocorreu o acidente.
A estrutura que caiu pesa cerca de 90
toneladas, segundo a Defesa Civil, e havia sido colocada há poucos dias,
de acordo com operários. Em cima da viga seria colocado o trilho por
onde o monotrilho se move.
No momento do acidente, os
trabalhadores estavam fixando a viga em um dos pilares a uma altura de
25 metros. A peça soltou de uma coluna à direita, caindo de forma
perpendicular. Depois, desprendeu-se do outro pilar, prensando Juracy.
Um operário ficou pendurado na coluna e precisou ser resgatado pelos
bombeiros.
Juracy nasceu no Piauí e vivia em São Paulo há cinco
anos. Segundo colegas de trabalho, completaria um ano na empresa nesta
sexta-feira.
— Ele mal aproveitou a vida. Era um rapaz jovem,
solteiro. Não bebia nem fumava. A vida dele era o trabalho. Estava
procurando uma coisa melhor. A gente quase não se encontrava porque as
folgas não se encontravam. Triste demais — disse Antônio Sabino Cunha da
Silva, irmão da vítima, que também trabalha na construção civil.
Moradores que vivem próximo ao local do acidente relataram que a queda da viga fez com que prédios da vizinhança tremessem.
—
O estrondo foi tão forte que achei que o prédio ia cair. Tremeu tudo.
Desci pela escada porque fiquei com medo de pegar o elevador. Quando
cheguei na rua, vi a viga no chão e o rapaz pendurado - conta a
aposentada Ana Teixeira de Souza, de 66 anos.
— O asfalto tremeu
todo, como se estivesse se abrindo. Tinha acabado de passar por ali
quando ouvi o barulho. Foi muito alto. Não sei como é, mas me parece que
é preso só com ferro, não tem concreto. Não sei se está certo isso —
disse o vendedor Eduardo dos Santos, de 35 anos.
O coordenador da Defesa Civil no município, Jair Paca de Lima, afirmou que ainda é cedo para falar em causas para o acidente:
—
Agora será feita a perícia para determinar o que aconteceu.
Aparentemente, o acidente ocorreu no momento da colocação da estrutura.
Mas isso será levantado pela perícia — afirma Lima. — Em geral, em
grandes obras como essa, as questões de segurança são respeitadas.
Em
nota, o Consórcio Monotrilho Integração, responsável pelas obras da
Linha 17 Ouro do Monotrilho de São Paulo, informou que “lamenta o
falecimento do colaborador“ e se “solidariza com a família da vítima”. O
consórcio acrescenta que “uma perícia será feita no local para
identificar as causas do acidente”.
Obra para a Copa
A
futura Linha 17-Ouro ligará as estações Jabaquara (Linha 1-Azul) e São
Paulo-Morumbi (Linha 4-Amarela) do Metrô, passando pelo Aeroporto de
Congonhas e fazendo conexão também com a Linha 5- Lilás Estação Campo
Belo e a Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM), que passa pela Marginal Pinheiros. Serão 17,7 km de extensão,
que vai ligar o Aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi (zona sul).
O
monotrilho da Linha 17-Ouro era a única obra de mobilidade urbana que
constava na Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo de 2014 de
responsabilidade do governo do Estado de São Paulo, firmado em janeiro
de 2010 com a União e o governo municipal. No entanto, em dezembro de
2012, principalmente por causa da exclusão do estádio do Morumbi para
sediar o Mundial de futebol que foi transferido para a então futura
Arena Corinthians, o monotrilho foi retirado do pacote da Copa do Mundo,
mas continuou sendo erguido pelo governo paulista.
Estava
previsto inicialmente que em 2014, apenas o trecho de 7,7 km que
cortaria uma região de grande foco hoteleiro, seria inaugurado. A
primeira previsão de entrega da obra era junho de 2014, antes da Copa,
depois passou para o segundo semestre do mesmo ano. Mas o prazo mudou
novamente, e segundo o governo paulista, o monotrilho só será entregue
no segundo semestre de 2015. Cabe ao governo do estado a execução da
obra. O contrato para a construção foi assinado em junho de 2011, mas
obras só começaram em março de 2012. O orçamento para a obra é de R$ 3,1
bilhões e têm recursos do governo estadual, federal (via Caixa
Econômica) e da Prefeitura de São Paulo.
Fonte: O Globo
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