Kengo Kuma em São Paulo: primeiro projeto do arquiteto japonês no Brasil tem técnicas tradicionais japonesas unidas à nova tecnologia
Edifício, uma reconversão do prédio de número 52 na Paulista, irá sediar a Japan House, iniciativa do governo japonês
O hinoki é um cipreste nativo do centro do Japão e sua madeira é
muito utilizada em construções. Está presente, por exemplo, no pavilhão
japonês no Ibirapuera (1954), em São Paulo, de Sutemi Horiguchi. É o
hinoki que dará as boas-vindas aos visitantes do edifício número 52 da
avenida Paulista a partir de março de 2017. A aplicação do material na
fachada foi a maneira com que Kengo Kuma decidiu recepcionar os
brasileiros e outros visitantes no Japan House, espaço que deve mostrar o
Japão contemporâneo e estreitar os laços com o Brasil. Artesãos e
carpinteiros fizeram um mock up do sistema de hinokis para testar sua
resistência, partindo de junções entre peças que, apesar de utilizar um
material tradicional, seguem uma tecnologia contemporânea e uma forma
inovadora.
É com essa ideia do tradicional inovador, também, que os papeis
washis serão utilizados nas fusumas – portas de correr presentes no
primeiro andar que separam três salas para palestras e que permitem a
flexibilidade de usos. "O abrir e o fechar como delimitação do espaço
garante a flexibilidade, uma característica da arquitetura japonesa",
conta Kengo Kuma na apresentação do projeto em São Paulo nesta
quinta-feira (25).
Kuma também mostrou os dois jardins que devem fazer parte da
construção, um de pedras e outro com musgos, um elemento importante do
jardim japonês. O jardim de pedras, na entrada do edifício, deve ser um
espaço público, aberto à cidade, onde hoje é um estacionamento fechado.
"Hoje há uma cerca fechando o espaço, queremos tirá-la", conta. Kuma
citou como inspiração os espaços abertos de São Paulo, como o vão livre
do Masp, de Lina Bo Bardi, na mesma avenida Paulista. "Queremos refletir
essa ideia dos jardins públicos, entendendo que isso seja algo
tipicamente paulistano".
A construtora responsável pelo projeto no Brasil é a Toda. O designer
japonês e produtor executivo Kenya Hara dará as diretrizes gerais para
as Japan House de todo o mundo, e no Brasil o diretor de planejamento
será o curador Marcello Dantas. As obras já começaram e a entrega está
prevista para março de 2017.
A Japan House tem custo total de 30 milhões de dólares, com
investimento total do governo japonês. Haverá três Japan House no mundo:
em Londres, Los Angeles e São Paulo – a paulistana é a primeira a ser
construída, para que seja um espaço de divulgação para todo o Brasil e
América Latina. Terá como objetivo combinar arte, tecnologia e negócios
para oferecer aos visitantes uma tradução do Japão do século 21. O
espaço abrigará um restaurante/cafeteria de gastronomia nipônica,
biblioteca, ponto de informações turísticas e uma loja de artesanato e
manufaturas japonesas. Estará disponível para o lançamento de produtos,
encontros de negócios, seminários executivos e outros eventos
empresariais.
Fonte: Pini
Nenhum comentário