Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas desenvolvem telha sustentável composta por fibras naturais
Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão
desenvolvendo o protótipo de uma telha sustentável. Ela é feita,
principalmente, com fibras naturais da Amazônia, como a malva e a juta, e
com uma argamassa que inclui areia, resíduos de cerâmica e pouco
cimento.
Segundo o subcoordenador do projeto de pesquisa no qual a telha está
sendo desenvolvida, doutor em Engenharia de Materiais de Construção,
João de Almeida, a ecotelha é fruto do sistema de argamassa reforçada
com fibras vegetais. O sistema consiste na produção de telhas através da
prensagem (compressão) de uma argamassa composta por cimento, areia,
Metacaulinita (resíduos de cerâmica) água e outros elementos, reforçada
com camadas de tecidos de fibras de juta e malva industrializados.
Essa composição, segundo ele, fornece mais resistência ao material e
pode melhorar a sensação térmica nas residências localizadas nas regiões
mais quentes do país. “Além de ter menos cimento em sua constituição,
ela tem também areia, que se torna um material mais barato, além das
fibras naturais. A matriz que utiliza o cimento é muito frágil e as
fibras naturais é que vão dar a verdadeira resistência a esse material. O
conjunto que a gente chama de “material compósito” vai produzir um
material com maior resistência mecânica. E a gente já verificou que tem
maior desempenho térmico devido ao uso de resíduos cerâmicos”, garantiu.
A Metacaulinita
Segundo João de Almeida, a utilização da metacaulinita na produção da
argamassa é o diferencial da telha. O material evita a degradação das
fibras ao longo do tempo mantendo-a resistente e durável. Esse resíduo
também reduz o consumo de cimento em até 50%, tornando o produto
altamente competitivo em todas as suas características.
“No nosso caso, estamos utilizando um resíduo cerâmico. A
metacaulinita é um tipo de argila queimada. Na nossa região temos esse
material em grande quantidade. Temos utilizado, principalmente, resíduos
das olarias, pedaços de telhas e tijolos, e fazemos o reaproveitamento
desse material. Temos aproximadamente 60 olarias nas proximidades de
Manaus, então, estaremos usando o rejeito dessas olarias”, explicou
Almeida.
Impacto Social
Para o pesquisador, a telha sustentável terá boa aceitação pelos
consumidores porque, além de ser mais barata, será parecida com as
disponíveis no mercado, o que facilitará o trabalho de instalação e
reposição em reformas.. João de Almeida acredita que a utilização das
fibras naturais para a produção das ecotelhas também vai estimular o
trabalho de produtores ribeirinhos. “A gente acredita que o fato de o
cultivo dessas fibras ser feito, principalmente, por comunidades
ribeirinhas, a utilização dessas fibras no desenvolvimento de um
material de construção e a possibilidade de que seja usado em grande
escala vai incentivar essas comunidades a produzir e aumentar sua renda.
O pesquisador informou que o protótipo da ecotelha deve ficar pronto
em 12 meses e a expectativa é que a tecnologia seja transferida para
empresas do setor da construção civil.. Após esse processo, ele disse
que será necessário um patrocínio para adquirir o maquinário destinado à
produção em larga escala. O projeto recebe o apoio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. A entidade concede R$ 50 mil,
por meio do programa Sinapse da Inovação, para o desenvolvimento de
tecnologias inovadoras.
Fontes: Agência Brasil, FAPEAM, Engenharia Estrutural e Construção Civil
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